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Diferenças entre PAAF e CORE biópsia no diagnóstico de lesões da mama




A alta incidência de malignidade na mama, juntamente com a facilidade relativa de detecção em estágios iniciais e a disponibilidade de tratamentos, têm promovido o uso de uma abordagem diagnóstica robusta conhecida como avaliação tripla.


Essa avaliação inclui a combinação de exame clínico (palpação), avaliação radiológica (ultrassonografia e mamografia) e exame citológico, tradicionalmente realizado por meio de punção aspirativa por agulha fina (PAAF). A PAAF tem sido amplamente utilizada devido à sua simplicidade, rapidez e por ser minimamente invasiva, oferecendo informações citológicas úteis para o diagnóstico preliminar de lesões mamárias [1].


Ainda, nos últimos anos, uma tendência significativa tem sido observada: o aumento da utilização da biópsia por agulha grossa (ou CORE biopsia). Essa mudança está sendo impulsionada por vários fatores, embora a superioridade de um procedimento sobre o outro ainda não tenha sido estabelecida de maneira conclusiva por estudos comparativos [2].


PAAF e CORE biópsia



Antes de aprofundarmos sobre as principais diferenças e aplicabilidades, é importante contextualizar o que, de fato, são as duas técnicas.


A PAAF é um procedimento minimamente invasivo que utiliza uma agulha fina para aspirar células da área suspeita da mama. Essas células são posteriormente analisadas por diferentes técnicas histopatológicas. É uma metodologia rápida, causa pouco desconforto e tem baixo risco de complicações. No entanto, como coleta uma amostra muito pequena de células, pode, em alguns casos, não fornecer informações suficientes para um diagnóstico conclusivo, especialmente em lesões complexas [3].


Já a CORE Biópsia (ou biópsia por agulha grossa) utiliza uma agulha mais grossa para retirar pequenos fragmentos de tecido da mama, em vez de apenas células. Esse tecido é então analisado em laboratório para um diagnóstico mais detalhado, permitindo a avaliação da arquitetura celular, do contexto histológico e a diferenciação mais acurada de lesões benignas e malignas. No entanto, é um procedimento mais invasivo, que pode causar mais desconforto e tem um risco ligeiramente maior de complicações, como hematomas [4].


Ambos os procedimentos são componentes essenciais na investigação de anormalidades mamárias e podem ser indicados com base nas características da lesão, nos resultados dos exames de imagem e nas necessidades específicas do paciente.


PAAF vs CORE biópsia: diferenças e aplicações diagnósticas



Como mencionado, a PAAF é valorizada por sua rapidez e custo-benefício, especialmente em ambientes onde os recursos são limitados. Sua precisão, no entanto, pode ser variável, com sensibilidade entre 77% e 97% [5].


Esse amplo intervalo se deve, em parte, à dependência da experiência do citopatologista e à natureza da lesão mamária. Lesões benignas e claramente malignas tendem a ser diagnosticadas com maior precisão pela PAAF, enquanto as lesões na "zona cinzenta" (como hiperplasias ductais atípicas e carcinomas in situ) frequentemente apresentam desafios significativos para esta técnica​ [5].


Por outro lado, a CORE biópsia apresenta uma sensibilidade e especificidade geralmente superiores, com uma menor variabilidade nos resultados em comparação à PAAF. A CORE biópsia é particularmente vantajosa em lesões suspeitas ou em situações onde é crucial diferenciar entre lesões benignas e malignas. Ela também supera a PAAF na capacidade de fornecer material suficiente para testes imuno-histoquímicos, o que é fundamental para a determinação do status dos receptores hormonais e HER2, importantes para o planejamento do possível tratamento [5].


Em termos de falsos negativos, a PAAF pode apresentar taxas mais elevadas, especialmente em lesões pequenas ou não palpáveis, além de lesões que incitam intensa desmoplasia. A CORE biópsia, apesar de também ter taxas de falsos negativos, tende a ser mais confiável em lesões não palpáveis, especialmente quando guiada por imagem. Além disso, a CORE biópsia tem uma taxa de inadequação menor devido à sua capacidade de fornecer amostras maiores e mais representativas da lesão, o que reduz a necessidade de procedimentos adicionais para confirmação diagnóstica [5]​.


Indicações Clínicas



A escolha entre PAAF e CORE biópsia deve ser feita com base em uma avaliação clínica detalhada, levando em conta a natureza da lesão, a experiência do profissional, e a disponibilidade de recursos [5].


A PAAF é indicada em lesões palpáveis, especialmente em cenários de triagem ou em locais com recursos limitados. É especialmente útil para o diagnóstico de cistos benignos, que podem ser esvaziados durante o procedimento, proporcionando alívio imediato ao paciente. No entanto, a PAAF pode ser limitada em lesões não palpáveis, particularmente em lesões que requerem uma amostra mais representativa para um diagnóstico conclusivo [5].


Por sua vez, a CORE biópsia, é preferida em lesões não palpáveis ou suspeitas, especialmente quando identificadas por mamografia ou ultrassonografia. É o método de escolha quando é necessário um diagnóstico histológico detalhado, como em casos de suspeita de carcinoma ductal in situ, hiperplasia ductal atípica, ou quando a PAAF não fornece material suficiente para uma avaliação diagnóstica completa​ [5].


A CORE biópsia é útil ainda para avaliar lesões na "zona cinzenta", onde a PAAF pode falhar em distinguir entre uma lesão benigna e uma maligna. Por fim, auxilia quando há necessidade de realizar testes imuno-histoquímicos pré-operatórios para determinar o status dos receptores hormonais, HER2, e outras características prognósticas da lesão [5]​.


Importância do treinamento adequado: Gphantom Mama



O sucesso, tanto da PAAF quanto da CORE biópsia, depende de uma execução técnica e apurada. A PAAF, apesar de ser um procedimento menos invasivo, requer um citopatologista experiente para garantir que a amostra coletada seja adequada e representativa da lesão. A inadequação da amostra pode levar a diagnósticos errôneos e a necessidade de procedimentos adicionais.


Já a CORE biópsia, embora seja mais invasiva, exige um alto nível de habilidade técnica para minimizar complicações e garantir a coleta de tecido suficiente para uma análise completa e precisa.


Sendo assim, treinamentos em simuladores anatômicos são muito úteis para que o profissional consiga, efetivamente, treinar a execução do procedimento. O Gphantom Mama foi desenvolvido para o treinamento de biópsia guiada por ultrassom e diagnóstico por imagem. Possui onze estruturas internas, com seis propriedades diferentes de ecogenicidade, o que possibilita o treinamento de procedimentos como o PAAF ou CORE biópsia.


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Referências


[1] Ahmed I, Nazir R, Chaudhary MY, Kundi S. Triple assessment of breast lump. J Coll Physicians Surg Pak. 2007 Sep;17(9):535-8. PMID: 17903400


[2] Tabbara SO, Frost AR, Stoler MH, Sneige N, Sidawy MK. Changing trends in breast fine-needle aspiration: results of the Papanicolaou Society of Cytopathology Survey. Diagn Cytopathol. 2000 Feb;22(2):126-30


[3] de Cursi, J.A.T., Marques, M.E.A., de Assis Cunha Castro, C.A.C. et al. Fine-Needle Aspiration Cytology (FNAC) is a reliable diagnostic tool for small breast lesions (≤ 1.0 cm): a 20-year retrospective study. Surg Exp Pathol 3, 29 (2020). https://doi.org/10.1186/s42047-020-00081-0


[4] Silva E, Meschter S, Tan MP. Breast biopsy techniques in a global setting-clinical practice review. Transl Breast Cancer Res. 2023 Apr 30;4:14. doi: 10.21037/tbcr-23-12


[5] Mitra S, Dey P. Fine-needle aspiration and core biopsy in the diagnosis of breast lesions: A comparison and review of the literature. Cytojournal. 2016 Aug 31;13:18. doi: 10.4103/1742-6413.189637


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